Analisar mais uma obra- prima da dupla Miller e Mazzuchelli
é muito prazeroso para mim. Foi esta saga que me fez tornar fã do Homem sem
medo, e a exemplo de outras obras de Miller, esta também é atemporal e se
tornou uma referência com o passar do tempo.
A história se inicia com o recebimento de uma informação
valiosa nas mãos do Rei do Crime: a identidade secreta do Demolidor.
Interessante esse fato, pois na época isso era algo extremamente incomum; o
arqui-inimigo descobrir a identidade secreta do herói, hoje em tempos de Tony
Stark declarando aos quatro ventos que é o Vingador Dourado a ideia nem pode
parecer tão impactante, mas quando li pela primeira vez, lembro de ter pensado:
“Uau! Isso é muito problemático!! “, e na realidade isso confere uma aura de vulnerabilidade
incrível no herói e o torna mais humano também.
De posse da informação e após testar sua veracidade, o Rei
do Crime não tarda em colocar seu plano em ação: tirar tudo que é importante na
vida do advogado cego, ele perde sua licença para advogar, perde a hipoteca da
casa, seu nome é manchado e logo ele se encontra na sarjeta, no limite entre a
sanidade e a loucura ele procura um acerto de contas com Wilson Fisk, que não
tem problemas em surrar o frágil Murdock e providenciar para que sua morte
pareça acidental.
Porém, contando com uma incrível força de vontade Murdock
consegue escapar e após isso ele vai lutando para conseguir retomar sua vida,
mas ainda inconformado pelo fracasso do seu plano,o Rei do Crime insiste em
acabar com a vida de seu inimigo, mesmo que para isso ele praticamente tenha
que destruir a Cozinha do Inferno, com a chegada do paranoico Bazuca, o que
gera até uma participação especial do Homem de Ferro e do Sentinela da
Liberdade.
A maneira como Miller narra e conduz a história é incrível,
as vezes parece que estamos diante de um escript de cinema, temos drama,
suspense e ação na medida certa; é óbvio que a arte de Mazzuchelli contribui
muito para o impacto visual de cenas que se tornam inesquecíveis, como por
exemplo quando Ben Ulrich é ameaçado por telefone pela “enfermeira”, suas
expressões faciais são incrivelmente realistas, o supra sumo de uma
das melhores parcerias no mundo dos quadrinhos.
Gostaria também de comentar algo que me ocorreu quando
decidi escrever esta crítica: ao longo doas anos, presenciei situações em que
devido ao baixo volume de vendas de alguns heróis, alguns editores decidiram
inserir profundas tragédias na vida dos heróis para que isso pudesse alavancar
as vendas, e para isso chegavam até criar inimigos específicos para
protagonizar esta tragédia, os resultados agradaram alguns e a outros não. Não
é o caso desta saga, nem de Miller quando a escreveu, e digo mais, após essa
saga o Demolidor ainda visitou o fundo do poço algumas vezes, (com a roteirista
Ann Nocenti e mais tarde com Kevin Smith) mas ao contrário dos demais heróis,
sempre que Matt Murdock chega ao fundo do poço isso gera boas histórias, talvez
porque seja algo planejado sem o intuito sensacionalista de alavancar baixas
vendas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário