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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CRÍTICA HQ: BATMAN ANO UM

Quando um roteirista de quadrinhos resolve recriar ou reformular um herói que já é um mito do universo dos quadrinhos ele precisa ter muita coragem e ser muito bom!!! Frank Miller é esse cara! Com sua narrativa em Ano Um e anos mais tarde com Demolidor: O Homem sem Medo, Miller mostra como uma história conhecida e contada várias vezes pode assumir um caráter definitivo após passar por suas mãos.


Para mim Frank Miller sempre esteve muito à frente de seu tempo, meu primeiro contato com seu trabalho foi através dessa HQ, e aos 11 anos (quando li Ano Um pela primeira vez) percebi que estava lendo algo especial, muito diferente de tudo o que havia lido até o momento (comecei a ler HQ por volta dos 6 anos) e a partir daí percebi que as HQS poderiam abordar temas mais complexos e adultos, pois ao lê-la me senti como se assistisse a um filme policial e não a uma história de mocinho contra bandido.
Em Ano Um, somos apresentados a um Bruce Wayne que definiu seu propósito na vida logo após o incidente em que segundo ele “sua vida perdeu o propósito” o assassinato a sangue frio de seus pais, apesar de a partir daí dedicar toda a sua juventude se preparando para combater o crime, ao retornar para Gotham ele ainda não sabe como pôr em prática tudo o que aprendeu de maneira que impactasse os criminosos, ele desejava algo como um símbolo de justiça para os cidadãos e opressão para os meliantes, então de maneira brilhante Miller nos mostra como Wayne recorre a uma experiência traumática de sua infância para encontrar o símbolo que incutirá medo na massa criminosa: o Manto do Morcego.
Ao mesmo tempo, a história mostra a chegada do então Tenente James Gordon em Gotham, descontente pela transferência, com uma mulher grávida e aparentemente sem muitas perspectivas positivas diante do cenário que se apresenta (um policial honesto no meio de uma corporação de policiais corruptos e vendidos) Gordon transpira realismo e humanidade jamais visto em um personagem de HQ. Miller trabalha de maneira magnífica com o futuro Comissário, mostrando seus erros e acertos como qualquer ser humano: ele trai a esposa, sua consciência o tortura, ele questiona sua missão de caçar e prender o Cavaleiros das Trevas...embora não seja o protagonista, nessa história ele praticamente divide o protagonismo com um Wayne ainda tentando definir sua maneira de combater o crime. Seja o leitor iniciante no Universo do Morcego ou já um veterano, ao ler essa história com certeza aumentará sua admiração pelo velho Gordon, e nos faz pensar também que ao longo dos anos o personagem poderia ser melhor trabalhado e aproveitado nas histórias.
Outro ponto que gostei muito no roteiro de Miller, foi a decisão de não escalar nenhum vilão famoso para estrelar a história, nesse começo os principais inimigos do Morcego são: sua própria consciência e o Estado corrupto e mafiosos que sustentam esse Estado. Batman é ainda um personagem humano e a Lenda aos poucos vai tomando seus contornos até se tornar o vigilante mais famoso do mundo dos quadrinhos. Entretanto, antagonistas importantes no futuro são mostrados de forma brilhante, como Selina Kyle e o promotor público Harvey Dent, que neste início é um grande aliado do Batman, é muito legal ver como eles tinham a mesma visão e como essa parceria poderia se tornar  interessante.
Esta é sem dúvida, uma das melhores histórias do Batman e do universo dos Quadrinhos, uma aula de como se faz histórias que se tornam tão grandes como o próprio Herói, conta com um time de gênios – Frank Miller, David Mazzuchelli, e que a cada leitura se torna mais prazerosa. Um prazer que só quem sabe encarar uma HQ como arte é capaz de sentir.

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